" Ser governado é... Ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Lançamento editorial: Anarquismo, crítica e autocrítica. Livro de Murray Bookchin é lançado pela Editora Hedra.


















Anarquismo, crítica e autocrítica: primitivismo, individualismo, caos, misticismo, comunalismo, internacionalismo, antimilitarismo e democracia reúne dois textos: “Anarquismo social ou anarquismo de estilo de vida: um abismo intransponível”, de 1995, e “A esquerda que se foi: uma reflexão pessoal”, de 1991. O primeiro insere-se dentro da polêmica em que Bookchin teve destacado papel, por tentar diferenciar dois projetos que haviam se colocado dentro do anarquismo: um individualista e outro socialista. Acreditava que os valores clássicos do anarquismo (considerado um socialismo libertário) estavam perdendo espaço para propostas impregnadas de certa radicalidade no discurso mas que, na prática, não teriam qualquer possibilidade de promover transformação social. O segundo avalia a atual esquerda que estaria em processo de degeneração, comparando-a com a clássica “esquerda que se foi”. Afirma o internacionalismo, o federalismo, o compromisso com a democracia e os objetivos revolucionários. Murray Bookchin (Nova York, 1921--Burlington, 2006) foi um militante e pensador anarquista que desenvolveu ideias inovadoras no campo da ecologia social, da democracia direta e do municipalismo libertário. Passou pelo marxismo-leninismo, pelo trotskismo e, como trabalhador da General Motors, participou do movimento sindical. Abandona o trotskismo e envolve-se com a pesquisa da ecologia, publicando “The Problem of Chemicals in Food” (1952). No final dos anos 1950, frequenta reuniões da Libertarian League em Nova York e, convencido da importância da descentralização, é conduzido ao anarquismo, aprofundando as reflexões em torno da ecologia social e da sociedade hierárquica, que serão mais tarde tratadas em The Ecology of Freedom (1982). Formula ideias sobre a “pós-escassez”, em “Post-Scarcity Anarchism” (1968), sustenta que as inovações tecnológicas facilitariam o comunismo libertário. Defende a espontaneidade e a organização, sem considerá-las antíteses. Motivado com os estudos acerca da democracia ateniense, passa a defender a democracia direta como pilar do anarquismo, aprofundando as discussões em “Forms of Freedom” (1968). No início dos anos 1970, envolve-se com os East Side Anarchists de Nova York e com a revista Anarchos, onde surgem as ideias do “municipalismo libertário”, que serão aprofundadas em The Rise of Urbanization and Decline of Citizenship (1987) / Urbanization Against Cities (1992) e em From Urbanization to Cities (1995). De 1983 a 1990 produz significativo material sobre o tema e forma um grupo municipalista em Burlington, Vermont. Nos anos 1990, faz uma crítica à influência que o individualismo vinha exercendo sobre o anarquismo em “Anarquismo social ou anarquismo de estilo de vida”, e envolve-se em uma extensa polêmica com grande parte do anarquismo norte-americano. Em 1996, esgota-se da polêmica e, em 1999, rompe com o anarquismo, propondo uma nova ideologia, o “comunalismo”: uma espécie de síntese do anarquismo e do marxismo. Falece em 2006 por problemas cardíacos. Alexandre B. de Souza é tradutor, poeta e editor do selo Cachalote. Escreveu Autobiografia de um super-herói (Hedra, 2003), Azul escuro (Hedra, 2003) e 11+1: poemas (Cachalote, 2010). Felipe Corrêa é editor, pós-graduado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e pesquisador do anarquismo e dos movimentos populares. Veja e compre em: http://www.hedra.com.br/home/?PHPSESSION_HEDRA=sess&id=2&livro_id=350&area[]=catalogo&area[]=detalhes

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