" Ser governado é... Ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Breve História da Literatura de Cordel



O livro Breve História da Literatura de Cordel, que será lançado no dia 5 de outubro, na Martins Fontes da Paulista, é minha contribuição ao estudo deste gênero da poesia popular que decidi abraçar e que me abraçou, desde a infância.



Abaixo, palavras do professor Aderaldo Luciano, estudioso do tema, que fecham a apresentação da obra:

Não nos resta dúvida da importância desta Breve história para os futuros pesquisadores. Nela, o autor define as diferenças entre o Cordel e o poema matuto, revisa a cronologia cordelística, identifica algumas áreas de difusão, desfila as principais editoras e faz um mapa da produção contemporânea, apontando seus principais autores. Repetimos: não é só. Além disso, toca com precisão num ponto controverso do Cordel: as ilustrações. Avalia o peso da xilogravura, tida e havida desde a década de 1980 como sinônimo de Cordel, o que, até hoje, ressoa no peito de alguns autores e amantes do cordelismo. Marco elenca, ainda, os produtores dessa arte, mas faz questão de deixá-la no lugar onde merece: ao lado do Cordel, mas não se confundindo com ele.

Nesta
Breve história encontraremos os diálogos mantidos entre o Cordel e outras formas de arte, outras produções literárias. São apresentados nomes de importantes ilustradores que, com traços e cores bem distintos, dão ao Cordel a força de ser tradição e vanguarda, de trazer continuação e ruptura, de ser arte e entretenimento, além de ser a única forma poética genuinamente brasileira. Ousamos afirmar sem qualquer receio: quem quiser saber o que é Cordel encontrará neste título da coleção Saber de Tudo uma lanterna.



A obra foi dividida em nove capítulos. Abaixo, os títulos dos capítulos e uma visão mais abrangente do conjuto:

1. Cordel atemporal

As vertentes da chamada poesia popular. As diferenças entre Cordel, repente e poesia matuta. A genialidade de Leandro Gomes de Barros. O pioneirismo arrojado de José Galdino da Silva Duda

2. Nordeste medieval

Presença do imaginário medieval no Nordeste. Carlos Magno na poesia popular. Zé Garcia, um avatar de Roldão. Roberto do Diabo e suas reencarnações.

3. Romanceiro e cantos populares

Fontes primárias do Cordel. Romances sentimentais. A gesta do gado. AHistória do boi misterioso.

4. O menestrel e o bandoleiro

Cego Aderaldo. A peleja inventada por Firmino Teixeira do Amaral. Lampião. Pequena antologia de romances do cangaço.

5. No reino da picardia

Pícaros no Cordel. Como Ariano Suassuna buscou no Cordel o motivo de sua criação mais famosa. João Grilo, Cancão de Fogo, Bocage, Camões e Pedro Malazarte: os amarelinhos.

6. O Cordel no Sudeste

A Literatura de Cordel em São Paulo. A importância da Editora Luzeiro. A caravana do Cordel e outras iniciativas. O Cordel no Grande Rio.


7. Renascer nordestino

Crise e ressurgimento do Cordel no Nordeste. A criação da Tupynanquim Editora. O projeto Acorda Cordel na Sala de Aula. Novo Cordel?

8. Da capa cega à policromia

As muitas formas de se ilustrar um Cordel: capa cega, desenhos, clichês, xilogravuras e policromia.

9. Influências e confluências

Presença do Cordel na cena cultural brasileira. O Cordel no Cinema de Glauber Rocha. Diálogos com outros gêneros literários.

Nota: estarei na nobre companhia da escritora Ana Lúcia Merege, que lançará o excelente ensaio Os Contos de Fadas: origens, história e permanência no mundo moderno, também integrante da Coleção Saber de Tudo.

Data: terça-feira,05 de outubro de 2010, das 18:30 às 21:30.
Local: Livraria Martins Fontes.
Endereço: Av. Paulista, n° 509 - Cerqueira César - São Paulo - SP
Com estacionamento conveniado

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