" Ser governado é... Ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ato contra o aumento é duramente reprimido




























[São Paulo] 17/fev: Ato contra o aumento é duramente reprimido







A manifestação contra o aumento da tarifa foi duramente reprimida
por policiais militares da força tática do 45º e do 11º Batalhão
de Polícia Militar, e acompanhada ainda pela clara negativa de abertura
de uma discussão sobre o aumento por parte da prefeitura e da secretaria
municipal e transportes. Os manifestantes estavam na frente da prefeitura
por volta das 19 hrs de quinta-feira (17), quando, a partir de uma ordem
de um dos oficiais, foram atacados brutalmente pela PM.







Alguns manifestantes do Movimento Passe Livre esperavam
a resposta prometida pelos vereadores após a audiência
pública realizada no dia 12 na câmara dos vereadores.
Uma negociação envolvendo a prefeitura, a secretaria
municipal de transportes, vereadores e manifestantes
foi prometida durante a audiência, e a resposta seria
passada até o meio dia de quinta-feira (17), o que não
aconteceu. Isto levou seis manifestantes a se acorrentarem
dentro da prefeitura em protesto.







A resposta dada pelo poder público aos cidadãos foi bem
clara, a falsa democracia que vivemos encobre um esquema
cinematográfico de ação policial para dispersar manifestações,
assustar e reprimir duramente qualquer tipo de resistência
a ordem de ‘não reclamar’. Muitos policiais propiciaram um show
de abuso de autoridade e desrespeito aos direitos humanos.







Após uma ordem expressa dada por um dos oficiais, o batalhão
de choque partiu para cima dos manifestantes. Mais de 20
manifestantes foram atingidos por balas de borracha e estilhaços
de bombas de gás-lacrimogênio. Uma estudante chegou a ser
baleada no rosto por uma bala de borracha. Entretanto, em
entrevista para o G1, o capitão da PM Amarildo Garcia teve a
coragem de negar que tenha utilizado balas de borracha.



O uso de armas não letais é proibido a menos de 6 metros, e essa
ordem não foi respeitada pela PM.







Acompanhando o batalhão de choque, cerca de três PMs ficaram
encarregados de lançar spray de pimenta na cara dos jornalistas
e militantes pró-direitos humanos que tentavam questionar o porquê
de tamanha violência. Até 3 vereadores que questionaram a ação da
polícia foram espancados e atingidos por spray de pimenta.
A tática da PM foi clara, encobrir os desrespeitos e abusos
praticados através do ataque com spray de pimenta contra os
jornalistas.







Durante as negociações para que os PMs parassem de atirar bombas
e balas de borracha contra os manifestantes que reclamavam do
aumento de 0,30 centavos na passagem (sendo o custo de cada bala
de borracha de 14 reais), o Capitão Amarildo Garcia deu uma ordem
para que um homem que questionava os comandantes durante entrevistas
com a imprensa fosse preso. O homem, um assistente social, foi
perseguido por cerca de 10 policiais que o agrediram duramente na
frente da imprensa, que era coagida através do spray de pimenta dos
GCMs e do Soldado PM Saulo.







O homem foi detido e encaminhado ao hospital, e a última notícia era
de que ele estava sendo operado pelas fraturas que sofreu no rosto.
Depois ele seria preso por agressão e resistência a prisão.
Mais uma vez a frase se confirma: “uma mentira de farda vale mais
que dez verdades”.







Após muita truculência da polícia, que correu para se refugiar da
chuva, os manifestantes conseguiram retornar para a frente da
prefeitura, e seguiram em vigília pela libertação dos manifestantes
acorrentados dentro da prefeitura. Policiais informaram que o Secretário
de Segurança Pública do estado de São Paulo, o senhor Antônio Ferreira
Pinto, ordenou que os manifestantes não fossem liberados enquanto não
fossem identificados para serem indiciados por sei lá o que.
Por fim os/as acorrentados/as saíram pela porta da frente da
prefeitura, não sem antes serem orbigados/as a fornecer o rg e o
endereço para a polícia.







A ordem é clara, criminalizar os movimentos sociais é política pública
da dobradinha realizada pelo DEM/PSDB no Estado.











VEM PRA RUA, VEM, CONTRA O AUMENTO!











* * *







> 7º GRANDE ATO CONTRA O AUMENTO DAS TARIFAS



Concentração em frente ao Teatro Municipal
(prox. metrô Anhangabaú e Term. Bandeira)







Horário: quinta, 24 de fevereiro de 2011 17:00











> Veja em www.anarcopunk.org/noticias vídeos com imagens
da repressão e do espancamento do manifestante e imagens do ato.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CELIP (Círculo de Estudos Libertários Ideal Peres) - "Tecnopolítica e Anarquismo


















convida para a atividade:
"Tecnopolítica e Anarquismo" -
9/02 - Sábado, 14h!
Cada vez mais utilizamos as novas tecnologias para nos comunicar. mas o que acontece quando usamos ferramentas criadas e administradas por grandes empresas? Você sabia que o youtube passa a ser dono dos vídeos que você publica lá? Que o gmail passa seus dados privados para a polícia, caso seja solicitado? Que o facebook pode apagar a tua conta e os teus contatos se descobre que você não usou seu nome verdadeiro ou que usa a sua conta com fins politicos? Venha discutir estas questões e conhecer que alternativas temos, este sábado dia 19/02, as 14h, na Biblioteca Social Fábio Luz. Rua Torres Homem 790 - Vila Isabel Perto do final do Boulevard 28 de Setembro e da Escola de Samba Vila Isabel # ônibus: 232, 433, 222, 438, 638, 269 # metrô: integração Vila Isabel # trem: estação Maracanã e descer até o final da 28 de Setembro Cartaz para divulgação: http://www.alquimidia.org/farj/arquivosSGC/cartaz_celip_fev_11.jpg

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Projeto Bazar das Letras














O SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO E A EDITORA IMEPH tem a honra que convidar-lhe para o Projeto Bazar das Letras, a realizar-se nesta quarta-feira - dia 16 de fevereiro de 2011, às 19h, no SESC-Centro - Rua 24 de maio 692 - Centro, oportunidade que teremos o lançamento dos livros: - A Gramática em Cordel Autor: Zé Maria de Fortaleza - A História de Antonio Conselheiro Autor: Geraldo Amancio. Ambos pela Editora IMEPH. Projeto Bazar das Letras Dia: 16 de fevereiro de 2011; Hora: às 18h; Local: SESC-Centro - Rua 24 de Maio, 692 - Centro. Carto da sua atenção, Grato, Prof. Casemiro Campos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sarau II - GAMBALAIA ESPAÇO DE ARTES



ATENDENDO A PEDIDOS

Realizaremos o Sarau II em parceria com o Projeto “Terças Autorais”

no dia 26 de fevereiro (sábado) à partir das 22h.

Em 2011 já estamos com nossas portas abertas e uma diversa grade de programação: Terças Autorais, Polivox, Ocupação Teatral e Exposições.

Nosso propósito é que o Sarau seja um evento permanente e de qualidade onde todos tenham a oportunidade de mostrar o seu trabalho e fazer novos amigos.

Neste dia (26) pedimos gentilmente aos que comparecerem, que façam uma DOAÇÃO, para enviarmos às vítimas das enchentes do Brasil.

Sua presença e apoio são indispensáveis para que continuemos existindo.

www.gambalaia.com.br

GAMBALAIA Rua das Monções, 1018 Bairro Jardim Santo André – SP e-mail: gambalaia@hotmail.com site:www.gambalaia.com.br

Telefone: (11) 4316-1726

PROGRAMAÇÃO NO SITE

www.gambalaia.com.br

(anote na agenda, esperamos por você)

-- André Alves Braga
Twitter: http://twitter.com/mundoid Blog: Mundo ID http://mundoid.blogs.sapo.pt/ Me adiciona: www.meadiciona.com.br/mundoid Sobre o meu livro, acesse: Poemas errados (dias intranquilos) http://poemaserrados.blogspot.com Minha entrevista na CBJE http://www.camarabrasileira.com/entrevista434.htm

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Transformação social no Egito




Transformação social no Egito: entre o imperialismo e a revolta popular. Por Michel Navarro. As milhares de pessoas nas ruas das principais cidades do Egito marchando em mobilizações e protestos, não se juntam apenas para exigir a renúncia do ditador Hosni Mubarak, no poder desde 1981, e a convocação de eleições. Os protestantes, que no dia 1 de fevereiro somavam mais de 1 milhão de pessoas somente na capital do país, Cairo, demandam mudanças estruturais na sociedade egípcia, que há décadas vive sob governos ditatoriais corruptos que têm sequestrado, torturada, intimidado e assassinado opositores para se manterem no poder. O mar de manifestantes que acorrem às ruas principalmente nos últimos dias, talvez seja a maior na região desde a Revolução Islâmica de 1979 no Irã, que levou aproximadamente 10 milhões de pessoas às ruas, e que derrubou uma ditadura instalada pelos Estados Unidos e Inglaterra em 1953. Mesmo as manifestações iranianas no ano passado contra o resultado das eleições, possivelmente fraudadas, que reelegeram Ahmadinejad, não se comparam nem em número nem em recorrência com o que está ocorrendo no Egito. Os protestantes são formados por vários setores da sociedade egípcia: favelados urbanos, camponeses e pequenos agricultores, trabalhadores empregados e desempregados, pessoas de classe média, estudantes, etc. As principais demandas são por questões internas. Além de exigirem a renúncia do ditador, são por mudanças econômicas (fim da corrupção, por emprego, educação, saúde, etc) e por respeito aos direitos humanos (liberação dos presos políticos, direito de protestar, etc). Mas o mais importante no que está ocorrendo é que a população tem demandado essas mudanças imediatas e prementes - num país em que a população está cansada de 30 anos de exclusão, empobrecimento e alheamento completamente da participação nas questões nacionais - como parte de um anseio maior de mudar as estruturas de governo do país. Ou seja, não são meramente mobilizações pró-reformas, mas sim um movimento de massa que demanda mais do que eleições. Os egípcios querem uma verdadeira democracia, i.e, com liberdade de expressão e participação popular. Revoltas populares, não na mesma dimensão, mas com objetivos e demandas semelhantes, têm ocorrido recentemente em outros países no Oriente Médio, como Tunísia, Yemen, Jordânia, etc. As oligarquias e pseudo-democracias na região, a sua maioria aliadas dos Estados Unidos e subservientes aos seus interesses estratégicos, estão ao menos sendo desafiadas por esses processos de revolta popular. No Egito, epicentro de um movimento de massa, os protestos, que, no começo estavam transcorrendo relativamente de forma pacífica, começaram aficar mais violentos, sobretudo a partir dos acontecimentos de quarta-feira, em que defensores do ditador, entre eles policiais, entraram em confronto com os manifestantes no Cairo, ocasionando 13 mortes. Também há relatos de manifestantes de que em cidades como Alexandria e Suez, policiais tem acadado as manifestações. Em contrapartida, desde 25 de janeiro, quando do início das manifestações em massa, as Forças Armadas tem se recusado a enfrentar a população. Juventude nos protestos Destaque deve ser dado à participação da juventude egípcia nesse movimento de massa. Participação que tem sido central. Inconformados com a falta de trabalho, oportunidades, liberdade e esperanças, os jovens formam grande parte dos dissidentes. Fato nada novo no Oriente Médio, onde a presença ativa e o papel de destaque da juventude nos processos de transformação social é muito comum. O que é singular no caso do Egito é o papel importante que, nos últimos anos, as comunidades de jovens ativistas blogeiros estão desempenhando no movimento de oposição. A repressão do governo está levando os jovens ao ativismo. E as redes sociais têm sido uma ferramenta não somente para expressar o descontentamento, mas um meio tanto de cobrir e noticiar os protestos quanto de conectar as pessoas no país convocando-as para atuar em solidariedade. Num país onde a censura nas mídias tradicionais é tão eficaz, a atuação descentralizada dos blogeiros vem conseguindo burlar as restrições sobre a liberdade de expressão. Eles estão usando as redes sociais para se expressar já que os espaços para contestação na mídia tradicional são quase nulos. Muitos blogeiros, entretanto, que não escondem sua identidade ou cuja identidade foi descoberta pelo governo, têm sido presos. Mas a repressão e brutalidade do governo com esses jovens escritores e documentaristas não é somente por causa do conteúdo do que escrevem e noticiam. O que incomoda o regime é que esses jovens se articulam via redes sociais para atuar nas ruas, articular manifestações e ir para a ação direta junto com o restante da população. Como observou um ativista e blogeiro preso pelo regime: "quebramos com a idéia de se escrever e não fazer nada. Não é somente palavra, é palavra e ação. E é isso que preocupa muito". Os blogeiros, como parte importante desse movimento de massa, além de facilitarem a conexão entre as pessoas na região, estão conectando as pessoas de outros países com as mobilizações que vêm ocorrendo. Ao noticiarem e opinarem sobre os fatos - quer estando nas ruas ou presos – e continuarem com a campanha pela liberação dos que ainda estão presos, os ativistas mantêm a comunidade internacional informada sobre os acontecimentos, contribuindo, com isso, para criar uma rede internacional de solidariedade à revolta popular e de repúdio à brutalidade do regime. Egito e seus principais aliados Apesar de o movimento de massas no Egito ter por principais demandas questões internas, e não vermos imagens clássicas de protestos com queimas de bandeiras estadunidenses, não há dúvida de que a grande maioria dos egípcios que têm tomado as ruas do Cairo, Alexandria, Suez, etc., estão descontentes com a política externa do Estado egípcio de subserviência aos interesses imperiais de Washington. Certamente que se houvesse no Egito ainda que uma tênue responsabilidade democrática do Estado, a colaboração quase incondicional entre os dois Estados não seria possível. O começo do clientelismo dos governos egípcios tem data. Durante grande parte da Guerra Fria, o Egito era um país não alinhado com Washington, e com forte cultura de governos laicos. Temendo a aproximação do Egito com a União Soviética, em 1956, a Inglaterra e França, com apoio estadunidense, e a lançaram uma campanha militar - frustrada - com o objetivo de reassumir o controle do Canal de Suez, que tinha sido nacionalizado pelo governo de Gamal Abdel Nasser, principal líder político do pan-arabismo principal líder político do pan-arabismo e opositor dos interesses dos Estados Unidos e de Israel. Contudo, somente na década de 1970, com a morte de Nasser, por um lado, e o enfraquecimento, por outro lado, do nacionalismo no país em parte por decorrência da derrota de Egito para Israel na guerra dos 6 dias em 1967,os Estados Unidos conseguiram atrair o maior país árabe para a sua órbita de influência. Desde então o país está alinhado com Washington e em colaboração com a ocupação israelense dos territórios palestinos. Principalmente da Faixa de Gaza, que faz fronteira com o Egito por meio da passagem de Farah, cujo bloqueio por parte do governo egípcio impede o fluxo livre de pessoas e comidas, condenando, junto com Israel, a população de Gaza - 1.5 milhões de pessoas - a um aprisionamento que já dura 5 anos. Desde 1979 - por causa do "tratado de paz" de Camp Davis, estabelecido entre Egito, Estados Unidos e Israel, primeiro tratado assinado entre um Estado árabe e Israel - o Egito passa a ser chave central para a doutrina de segurança israelense, uma vez que se posiciona como seu principal colaborador na região. Nessas últimas 3 décadas, e claro que não por coincidência, os Estados Unidos fornecem ao país, anualmente, 1.5 bilhões de dólares em ajuda militar. Mas afora a colaboração com Israel, o clientelismo do governo egípcio, como observa Phyllis Bennis, vem sendo central “para assegurar que o resto do mundo árabe [até a última década do século XX] permanecesse um bastião pró-USA". Em 1991, por exemplo, o Egito foi fundamental para que a Casa Branca conseguisse formar uma coalizão de países árabes para se juntar na guerra com Saddam, apesar da completa oposição da população egípcia. Para assegurar o comprometimento do ditador Mubarak, Washington perdoou 50% do débito que o país possuía com os EUA. E após a guerra ao “terror” lançada por Bush filho e os neoconservadores após 11 de setembro, o Egito permite que prisioneiros do governo norteamericano sejam interrogados em seu solo. As incertezas sobre o impacto que os acontecimentos no Egito terão sobre a "amigável "relação entre o país e Israel caso o regime de Mubarak caia - o que é quase inevitável - já preocupam o Estado israelense. Um ex-embaixador de Israel no Egito saiu em defesa aberta da ditadura de Mubarak, sustentando, sem o mínimo de escrúpulo, que "as únicas pessoas no Egito comprometidas com a paz são as pessoas no círculo de Mubarak, e se o próximo presidente não for um deles, nós [Israel] teremos problemas". A vice-primeira ministra Silvan Shalom foi ainda mais incisiva, e disse que "se regimes que fazem fronteira com Israel fossem substituídos por sistemas democráticos, a segurança nacional de Israel poderia ser significativamente ameaçada". Quanto aos pronunciamentos "pró-manifestantes" das principais autoridades estadunidenses, não nos iludamos, pois é próprio da política imperial dos Estados Unidos brincar com palavras duplas. Embora o presidente Barak Obama tenha manifestado aparente apoio ao estabelecimento de "um governo que responda às aspirações do povo egípcio", e a Secretária de Estado "pedido" por "uma mudança que responderá aos descontentamentos do povo egípcio", o fato é que o governo de Mubarak tem sido, como discorri, peça central da estratégia estadunidense para a região. Nos 30 anos de governo do ditador, foi com armas "made in USA" que Barak matou protestantes e dissidentes, e preservou a “estabilidade” interna, palavra tão cara aos presidentes norteamericanos. Pode ser que, em parte, a retórica de apoio aos protestos seja fruto da constatação do governo dos Estados Unidos de que as oligarquias e pseudo-democracias fantoches alinhadas com a Casa Branca estão mais enfraquecidas em função do recrudescimento das dissidências populares, e que, por isso, os interesses do império estadunidense na região podem estar ameaçados. Contudo não meçamos o posicionamento do império a partir de poucas frases. Em face das críticas ferrenhas das mesmas autoridades ao governo iraniano e à brutalidade contra as vozes dissidentes no país dos Ayatollahs, críticas essas que, como sabemos, em nada têm a ver com preocupações democráticas, e são simples retórica do governo estadunidense para manufaturar consenso contra governos que não seguem as ordens de Washington, cairia muito mal aos EUA se não se posicionassem publicamente de forma semelhante quanto ao que vem ocorrendo no Egito, dado a dimensão dos acontecimentos. Mas daí inferir que esse “apoio” ao descontentamento popular no Egito sugere que o império esteja mostrando sinais de reconhecimento do enfraquecimento da sua influência nos rumos dos acontecimentos políticos na região e que, além disso, aponta para o começo de uma revisão de uma estratégia que segue a mesma desde a Guerra Fria, soa inocente demais. Basta atentar para a presença militar estadunidense na região e as ameaças ao Irã para evitamos tal raciocínio. É muito mais provável que Washington tema que um movimento de massa dessa proporção sirva de exemplo e estímulo para a população de ditaduras na região alinhadas com a Casa Branca, como as monarquias saudita e jordanianas. Alguma dúvida de que os apoios públicos do rei saudita Abdullah e do rei jordaniano Abdullah II a Mubarak foram feitos sem o consentimento de Washington? Os receios diante da "instabilidade" que a situação política egípcia provoca na região, levaram até mesmo o presidente da Autoridade Palestina, segundo o Observatório dos Direitos Humanos, a autorizar que forças policiais em Ramallah, na Cisjordânia, rechaçassem uma passeata de palestinos em solidariedade ao levante popular no Egito. É muito cedo para dizer se a antiga ordem de alianças no Oriente Médio está acabando, e se, como consequência, os Estados Unidos estão dispostos a pensar novas estratégias de atuação na região. Os impactos das transformações em curso sobre o colaboracionismo entre Washington, Cairo e Tel Aviv podem, a médio prazo, forçar uma mudança na geopolítica da região. Repito, "podem". Mas é pouco provável que um governo de transição que venha a suceder a queda de Mubarak - mesmo que num primeiro momento, afrouxe os laços com Israel para atender as demandas da população - rompa com Washington . E isso basicamente por duas razões. Primeiro que, como já disse, as principais demandas da população estão voltadas para questões internas; e, segundo, que o governo interino e, depois, o futuro governo eleito - provavelmente formado por uma coalizão da atual oposição – estará ciente dos custos de um tal posicionamento de rompimento com Israel e a Casa Branca. Aos olhos das elites políticas oposicionistas, eles seriam muito maiores que os benefícios. O complexo militar egípcio depende, como já falamos, profundamente da ajuda militar estadunidense. Numa região de grande tensão como o Oriente Médio, sabemos quão importante é para um Estado com a influência regional do Egito estar bem preparado e equipado para conflitos. Além do mais, sempre que em um levante popular as Forças Armadas se recusam a enfrentar a população e defender o governo, o seu poder de barganha nas negociações com o governo que sucede a queda do anterior aumenta consideravelmente. Não me parece que os militares egípcios estarão dispostos a perder 1.5 bilhões em ajuda anual. Pois, caso seja mantido como condição para que o Egito continue recebendo essa ajuda a continuação da colaboração com Israel, é bem provável que os militares pressionem o novo governo a manter as boas relações com seu vizinho. Se depender das elites políticas, e falo também da elite oposicionista, mesmo um novo governo não quebrará as regras do jogo firmadas em Camp Davis. Poder popular Somente a permanência da combatividade popular poderá construir a força social necessária para influenciar decisivamente a política externa do país. O que parece claro até agora é que questões referentes à política externa são questões secundárias nas reivindicações dos manifestantes que ocupam as ruas e praças das cidades. Mas caso as demandas por uma mudança fundamental das estruturas de governo se concretizem, e o povo egípcio venha a ter uma participação incisiva nos rumos do Estado, as relações de subserviência do Estado egípcio com o imperialismo estadunidense e o colaboracionismo com Israel poderão, sim, ser afetadas. O que estamos vendo nas ruas do Egito, e de forma mais pulsante na sua capital, é a força de uma população cansada de viver, por gerações, sob a brutalidade de regimes despóticos, que excluíram por décadas a população de qualquer participação política. É um movimento de massa em batalha contra o governo. E nesta batalha o governo parece estar perdendo. Não é uma revolta popular isolada. Dissidências populares já surgiram em outros país. Se esses levantes serão capazes de criar poder popular forte e adquirir proporções que impulsionem uma trajetória revolucionária no oriente Médio que fuja completamente ao controle dos governos e abalem os interesses imperialistas na região, somente os futuros desdobramentos dos acontecimentos nos dirão. Por hora, cabe a nós completa solidariedade com o povo na região que marcha e clama por liberdade e participação, e torcer para que o poder popular sufoque a tirania das minorias que governam.

FONTE: http://contraevidencia.blogspot.com/2011/02/egito-imeprialismo-e-revolta-popular.html


Federação Anarquista do Rio de Janeiro - FARJ
farj@riseup.net
www.farj.org
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Linha do tempo Cannabica:



8000 A.C.
K(a)N(a)B(a), assim chamada pelos antigos sumérios, deu origem a palavra Cannabis.

6000 A.C.
Suas sementes forneciam grande parte das necessidades nutricionais e medicinais da china.

4000 A. C
Grande parte dos tecidos da China eram feitos de cânham. Foram encontradas fibras de maconha datadas neste período e também no Século I na Turquia.

2727 A. C.
Aumentam os registros da maconha sendo utilizada pela medicina como fármaco. Em diversas partes do mundo a humanidade utilizava a maconha para curar os mais diversos problemas de saúde.

1500 A. C.
A maconha é cultivada em larga escala na China para alimentação e vestuário. Suas fibras eram utilizadas para tecer os mais finos tecidos.

Atharva Verda1200 – 800 A.C.
A planta da maconha é citada no Atharva Veda, livro sobre medicina sagrada dos Hindus, como uma das 5 ervas mais sagradas da Índia. Era usada na medicina e em rituais de oferenda para Shiva.

700-600 A. C.
O Zend-Avesta, livro sagrado para a religião persa , composto por diversos volumes, se refere à maconha como um bom narcótico.

700-300 A. C.
Bárbaros pela EuropaTribos bárbaras deixam folhas da erva em tumbas como uma oferenda aos mortos.

500 A. C.
As tendas dos bárbaros eram decoradas com folhas de Cananabis.
A erva é introduzida no norte da Europa pelos bárbaros. Uma grande quantidade de folhas e sementes da planta datada desta época foi encontrada próximo a Berlim na Alemanha.

500 – 100 A. C.
A maconha se espalha pela Europa

Herodoto430 A. C.
O filósofo grego Heródoto registra o uso da maconha como recreativo e ritualístico.

100 – 0 A. C.
As propriedades psicotrópicas da maconha são mencionadas no livro sobre ervas do inperador chinês Pen Ts´ao Ching.

70
DioscoridesDioscorides menciona o uso da maconha como medicamento romano.

170
O romano Galeão declara os efeitos psicológicos do uso de semente de maconha.

500-600
O Talmud judeu menciona a sensação de euforia ao utilizar maconha.

900 – 1000
Estudiosos debatem os prós e contras de se comer maconha. Seu uso é difundido pelas arábias.

1090-1256
Antigo Persa fumando haxixeNa Pérsia, "o velho da montanha convocava comitivas de homens para se tornarem assasssinos." Esta lenda se desenvolveu , associando os assassinos ao uso de haxixe. Esta lenda foi descrita em diversos contos que relatavam os inebriantes efeitos da Cannabis e dos usos do haxixe.

1200
A Cannabis é introduzia no Egito durante a dinastia de Ayyuib na ocasião em que o país foi influenciado por místicos devotos da erva oriundos da Síria.

1155-1221
A lenda persa do mestre sufi, o Shiek Haidar´s ok Khorasan´s declara como descoberta pessoal a Cannabis e sua subseqüente difusão pelo Iraque, Egito e Síra. Muitas narrativas da época declara que o uso da maconha é inebriante.

Haxixe1200
A monografia mais antiga sobre o haxixe foi escrita. Seus escritos, infelizmente, perdidos.

1200
Os árabes levam plantas da erva para à costa de Moçambique na África.

1231
O haxixe é introdizido no Iraque pelo calife Mustansir.

Marco Polo1271-1295
Durante os relatos da viagem de Marco Polo ao oriente ele relata a história dos assassinos do velho da montanha e do uso de haxixe feito pos estes. Foia primeira vez que um relato sobre a Cannabis teve repercussão na Europa.

1378
O otomano Emir Soudoun Svheikouuni foi o primeiro soberano a se manifestar contra o uso do haxixe para aliemntação.

1526
Babur Nana
Babur Nana, o fundador do império Mouro, aprende sobre o uso do haxixe no Afeganistão.

1549
Escravos angolanos trazem brotos de Cannabis para as plantações de cana-de-açúcar no nordeste do Brasil. Os senhores permitiam que eles plantassem Canabis entre as canas e que fumassem ela durante a colheita.

1550
O poema épico Benk u Bode, escrito por Mohameed Ebn Soleimam Foruli, de Bagdá, desenvolve uma alegoria dialética a respeito da batalha entre o vinho e o haxixe.

1600
O uso de haxixe, álcool e ópio se dissemina pela população de Costantinopla.

1606-1632
Os franceses e britânicos cultivam a erva de cannavis nas colônias de Port Royal, Virgínia e Plymouth.

1690
O haxixe se torna a principal moeda de troca entre a Ásia central e o sul da Ásia.

1798
Napoleão dercobre o habitual uso de haxixe pelos egípcios. Ele proíbe seu uso, mas os soldados retornam a França com a tradição de seu uso.

1800
A produção de haxixe se expande pela Rússia e China.

1809
Antoine Sylvestre, um estudioso árabe , associa a eimológia das palavras haxixe e assassino.

1840
Na América, a preparação medicinal da cannabis é permitida. O haxixe se encontra a venda em farmácias persas.

184
É inaugurado o clube do haxixe em Paris, França.

1843
O haxixe aparece na Grécia.

1870-1880
Primeiro relato do fumo de haxixe na Grécia. O cultivo da erva é difundido pela região.

1890
O governo grego poribe o uso e cultivo do haxixe.
O haxixe se torna ilegal na Turquia.

1893- 1894
É criado, na Índia, um comitê de drogas feitas de maconha.

1893-1894
80 toneladas de haxixe são legalmente importandas da Ásia Central para aÍndia.

1906
É regularizado, na Ásia, o comércio de produtos que contenhma álcool, ópio, cocaína, Cannabis, entre outros.

1910
No Oriente Médio, o fumo de haxixe é extremamente popular.

1915-1927
A maconha se torna proibida nos estados americanos de Califórnia, Texas. Louisiania e Nova Iorque.

1920
Metaxus, ditador grego, proíbe o uso de haxixe.

1920
Haxixe é proibido no Egito, Grécia, Turquia e Ásia Central.

1926
A produção libanesa de haxixe é proibida.

1928
O uso recreativo da cannabis é proibido na Inglaterra.

1920-1930
Uma maconha de alta qualidade é produzida na Turquia na região de fronteira com a Grécia.

1930
A China exporta cerca de 90 toneladas de haxixe legalmente para a Índia.

1930
Os impostos sobre haxixe continuam sendo cobrados legalmente na índia e Ásia Central.

1934-1935
O governo chinês acaba com os cultivos de Cannabis, assim como seu tráfico. O haxixe produzido legalmente e ilegalmente se torna totalmente ilegal em toda a China.

1936
Uma porpaganda produzida pelo governo norte-americano tem como objetivo evitar que jovens se utilizem de maconha.

1937
A maconha se torna ilegal em todos os estados na América do Norte.
Samuel R. Caldwell, um pequeno fazendeiro, é a primeira vitima da proibição da maconha. Foi sentenciado a cadeia no dia 2 de outubro de 1937.

1938
O estoque de haxixe na China quase se esgota.

1940
A tradição grega de fumar haxixe cai por terra.

1941
O governo indiano considera cultivar haxixe na região da Kashemira, já que a produção chinesa sessou.

1941-1942
A região do Nepal se torna fornecedora de haxixe para a Índia durante a Segunda Guerra Mundial.

1945
O consumo de haxixe continua legalizado na Índia.

1945-1955
O uso de haxixe floresce na Grécia novamente.

1950
O comércio de haxixe entre Índia e China continua proibido.

1962
Marrocos produz sua primera leva de haxixe.

1963
A polícia turca apreeende 2,5 toneladas de haxixe.

1965
Primeiro relato da produção de haxixe no Afeganistão.

1965
O Governo marroquino destrói todas as plantações de haxixe em sua cadeia de montanhas.

1967
O primeiro óleo a base de haxixe é produzido na Califórnia.

1969
O haxixe afegão se populariza

1970-1973
Imensos campos de Cannabis são cultivados pelo Afeganistão. Muitos anos depois, a produção desse cultivo estaria disponível à venda.

1972
O governo do presidente norte-americano Richard Nixon estuda que o uso medicinal da maconha seja legalizado, mas o pedido é negado. Pesquisas médicas sobre o assunto dão continuidade.

1973
Uma maconha libanesa de alta qualidade é exportada pela Europa.

1973
A produção da varoação afegã da macanha é introduzida na América do Norte.

1973
O Nepal bane as lojas de canabis, bem como sua exportação.
O governo afegão torna a produção e venda de haxixe ilegal.

1975
As nações unidadas criam um comitê para estudar o uso medicinal da maconha.

1978
Algumas plantações de Cannabis ainda são encontradas pelo Nepal, apesar da proibição.

1980
O Marrocos é um dos poucos países há ainda produzir e exportar maconha.
Haxixe é produzido na fronteira do Paquistão com o Afeganistão durante a guerra entre soviéticos e afegãos.

1980
A qualidade do haxixe libanmes decai.

1983-1984
Algumas levas de haxixe turco de alta qualidade aparecem no mercado.

1985
Uma pequena produção de haxixe é feita ilegalmente na China.

1986
Os estoques de haxixe afegãos se esgotam completamente na Holanda e América.

1987
O governo marroquino novamente destrói cultivos de Cannabis em seu território.

1988
O uso medicinal de maconha é legalizado pelas Nações Undias.

1993
A maconha é erradicada totalmente do Marrocos.

1994
A produção de haxixe ainda é feita na fronteira do Paquistão.

1995
Amsterdam cria os coffe-shops para uso e apreciação de maconha.

1996
O estado da California legaliza o uso da maconha medicinal.

2001
O secretário de Estado da Inglaterra, David Blunkett, propõe que a maconha não seja mais classificada como droga ilegal mas seu pedido é negado.

2003
O Canadá torna-se o primeiro país no mundo a utilizar marijuana de forma medicinal.

2004
A Inglaterra libera o uso da maconha.

2005
Coffee shops holandeses,onde há venda e consumo legal de derivadas da cannabis, são fechados.

2008
Califórnia aprova a venda de maconha para pacientes que consomem a droga para fins medicinais.
A Inglaterra volta atrás e proíbe a maconha, devido ao cenário de descontrole que se instalou no país.

2009
Dallas abre o primeiro restaurante que serve maconha em seus pratos.


Critérios para diferenciar cultivo para uso ou tráfico seriam muito subjetivos



por Maria Elisa Alves

Plantar maconha em casa para não financiar bandidos tem sido um discurso cada vez mais comum entre usuários de classe média. Mas, na última terça-feira, a prisão de um engenheiro de 67 anos e de seu filho de 31, que cultivavam 108 pés da droga numa cobertura no Recreio, trouxe à tona uma polêmica: o que pode ser classificado como cultivo para uso próprio (como os dois alegaram) e o que pode ser caracterizado como tráfico (como a polícia vê o caso)? Vale a pena ter mudas em casa ou droga é droga? A discussão tem mobilizado usuários, especialistas no tratamento de dependentes, advogados e policiais.

Para a presidente do Conselho Municipal Antidrogas, Sílvia Pontes, não há dúvidas. Para ela, é um absurdo cultivar maconha em casa: — Maconha é droga, é proibido. Em vez de plantar, este pai deveria ter dado princípios morais e éticos ao filho, conscientizálo sobre os malefícios.

Facilidade de acesso pode levar ao uso exagerado Menos veemente, mas também contrário ao cultivo, o psiquiatra Jorge Jaber, sócio de uma clínica de recuperação de dependentes, diz que um dos perigos de ter a Cannabisem casa é aumentar o consumo da droga pela facilidade de acesso.

— A pessoa pode começar a plantar para ter um cigarro por dia, mas quando perceber que tem maconha para quatro, vai fumar os quatro — diz Jaber, afirmando ser balela dizer que a plantação caseira desabastece o tráfico. — Tem quem plante verduras orgânicas, mas a feira e o sacolão continuam. Com a maconha é a mesma coisa: é pouca gente plantando em casa, não afeta em nada o tráfico.

O baterista Pedro Caetano, da banda de reggae Ponto de Equilíbrio, discorda. Para ele, é questão de honra não gastar dinheiro em bocas de fumo. Ele viu o pai ser morto por traficantes, em Vila Isabel, em 2004. Usuário de maconha, desde o crime ele cultivava a planta. Há dois meses, teve a casa, em Niterói, invadida pela polícia. Foi preso, acusado de tráfico, por ter 14 pés no quintal, e chegou a dividir cela com 70 pessoas.

Seu advogado convenceu o promotor e o juiz que o músico era usuário, não traficante. Pela lei, quem adquire ou semeia maconha para consumo pessoal não é preso, mas pode ser obrigado a prestar serviços à comunidade ou a frequentar programas educativos.

O problema, segundo especialistas, é que os critérios para determinar se a droga se destina ao consumo pessoal são subjetivos.

A lei estabelece que o juiz observará a quantidade, o local e as condições da apreensão, as circunstâncias sociais e pessoais da pessoa flagrada.

— A lei precisa ser mais clara.
Fui acusado de tráfico pela polícia tendo só 14 pés de uma planta que há na natureza — reclama Pedro.

Para Gerardo Santiago, advogado da Marcha da Maconha e que tenta libertar Francisco e Gustavo Grossi, o pai e filho presos no Recreio, o fato de a família ter 108 pés em casa não quer dizer nada: — As plantas não estão no mesmo estágio. Tinha mudas, plantas macho, que não servem para nada. A polícia encontrou, pronta para consumo, apenas 75 gramas. Isso dá para 70 cigarros.

Se cada um fumasse dois por dia, não duraria um mês.

Para o advogado, o que deve pautar a polícia na hora de decidir se a plantação é para tráfico ou uso próprio são provas materiais: — Quem vende, tem a contabilidade, o papel para embalar, o que não era o caso deles.
O engenheiro ganha R$ 12 mil por mês, não precisaria vender maconha. Se o usuário não é preso, o plantador para uso próprio também não deve ser — avalia Gerardo.

O inspetor de polícia Flávio Cardoso, que participou da prisão no Recreio, tem outra visão.

Segundo ele, o pai e filho tinham, além de muitos vasos de maconha na varanda, uma estufa em um dos quartos, com diversos refletores e dois aparelhos de ar condicionado ligados.

— Eles gast a v a m R $ 2 mil só de luz, tinham cadernos com horários de rega, regras de cultivo.

Era muito trabalho e despesa para uso próprio.
Para evitar critérios subjetivos na hora de enquadrar quem planta maconha, o advogado Nilo Batista, que ajudou na elaboração do pedido de liberação da Marcha da Maconha no Rio, defende que se regulamente a plantação.

— Se você tem um controle pela legalidade, permitindo que se plantem até tantos pés, não haveria problema. Do modo atual, o que acontece é a distinção de classe. O pobre que planta é preso por tráfico, a pessoa de classe média geralmente é encarada como usuária — critica.

Rubem Cesar Fernandes, diretor do Viva Rio e membro da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, diz que a entidade tentou articular em fevereiro, com deputados de vários partidos, que fosse apresentado ao Congresso um novo projeto de lei sobre drogas, com critérios mais objetivos sobre consumo pessoal.
— Mas, como é polêmico, por causa das eleições, os parlamentares preferiram discutir somente após novembro — diz Rubem, para quem é uma tendência mundial o plantio em casa.

— Nos Estados Unidos, o plantio é permitido em 14 estados.

Na Europa, tem país que deixa quatro pés, outros dez. A lei brasileira é irreal. Se tenho maconha e dou para um amigo, estou traficando. Mas o consumo de maconha é gregário, o normal é fumar com outra pessoa.

Presidente do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), a psicanalista Ivone Ponczek acha que a discussão principal não é sobre plantar em casa ou comprar nas ruas a maconha.

— Não interessa a origem, se ela vem daqui ou dali. O que importa é a relação que a pessoa tem com a droga. Se é uma compulsão ou se é algo de uso moderado. A utilização da maconha é de livre arbítrio, mas não se pode negar que a droga, de maneira abusiva, faz mal. Seja em casa ou não.

Biocombustível aproveita 97% do óleo da planta, que cresce em solo infértil e não compete com as lavouras para produção de alimentos



São Paulo – Às várias utilidades da maconha que estão em estudo, como sua vocação terapêutica e medicamentosa e até mesmo seu uso em carrocerias de carros, adicione mais uma: a de combustível. Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, descobriram que a fibra da Cannabis sativa, conhecida como o cânhamo industrial, tem propriedades que a tornam viável e atraente como matéria-prima para a produção de biodiesel.

Durante testes de laboratório, o biocombustível feito a partir da semente da planta apresentou uma alta eficiência de aproveitamento – 97% do óleo foi convertido em biodiesel. Outra vantagem da erva, segundo Richard Parnas, professor que chefiou o estudo, reside na capacidade da Cannabis sativa de crescer em solo pobre e de baixa qualidade, o que afasta a necessidade de cultivá-la em lavouras especiais destinadas ao plantio de alimentos.

Ele observa que as grandes usinas de biodiesel incluem oleaginosas como soja, azeitonas, amendoim e canola. “A produção de combustíveis sustentáveis muitas vezes compete com o cultivo de alimento”, afirma o cientista, em artigo publicado no site da Universidade. “Nesse contexto, produzir biodiesel a partir de plantas que não são alimentos e que não precisam de terra de alta qualidade é um grande passo”.

O cânhamo industrial é cultivado em todo o mundo. A fibra do talo da planta é forte, e até o desenvolvimento de fibras sintéticas nos anos 1950, foi um dos primeiros produtos utilizados mundialmente para a confecção de cordas e roupas.

Hoje, ainda há regiões que tratam os finos talos da cannabis como uma fibra primária, principalmente devido à sua capacidade de crescer “como uma erva daninha”, sem exigir muita água, fertilizantes ou insumos de alta qualidade para florescer. Mas as sementes – que abrigam a fábrica de óleos naturais – muitas vezes são descartados. “Este resíduo poderia ser bem utilizado e transformado em combustível”, diz Parnas.

Parnas e sua equipe de pesquisadores têm planos de construir uma unidade piloto de produção de biodiesel da cannabis, que contaria com um reator capaz de produzir até 200 mil litros de biocombustível por ano. Com a instalação, os cisntistas pretendem testar novas formas de produzir biodiesel e realizar análises econômicas sobre a comercialização de seus métodos.

Fonte: [ Portal EXAME ]

Vanessa Barbosa, de EXAME.com

O Uso Medicinal da Maconha (Cannabis sativa)




Em resposta à pressão pública para a aprovação do uso medicinal da maconha, o órgão responsável pelo controle de medicamentos dos Estados Unidos (the Office of National Drug Control Policy, Washington,DC) patrocinou um estudo realizado pelo Institute of Medicine, que teve como autores o Dr. Stanley J. Watson, o Dr. John A. Benson e a Dra. Janet E. Joy.

Este tinha como objetivo avaliar as evidências científicas dos benefícios e dos riscos do uso da maconha na medicina. Baseou-se em conhecimentos científicos e populares e foi validado por especialistas no assunto. O estudo foi publicado na revista Archives of General Psychiatry de junho de 2000.

A principal finalidade deste estudo foi determinar o que é verdadeiro e o que é falso a respeito do efeito terapêutico da maconha. Ele consiste em uma revisão sobre os mecanismos e locais de ação da droga, bem como, a eficácia e falhas de seu uso medicinal. Inclui também uma análise dos efeitos crônicos e agudos da maconha, sendo comparados os seus efeitos adversos com os de outras drogas já padronizadas.

A biologia da maconha

O conhecimento a respeito da neurobiologia da maconha vem mudando dramaticamente na última década. Foram descobertos dois tipos de receptores (estruturas orgânicas que se ligam aos componentes químicos da maconha e permitem sua ação dentro das células), que receberam o nome de CB1 e CB2, estes se localizam principalmente no cérebro e nas células do sistema imune.

Dentro do cérebro, estes receptores estão concentrados no sistema límbico, no córtex cerebral, no sistema motor e no hipocampo. Essas localizações explicam, em parte, os sintomas provocados pela maconha, como as alterações do estado mental, as mudanças de humor e as alterações da coordenação motora.

Seus efeitos sobre o sistema imune ainda não são bem conhecidos.

O papel da maconha na dor

Evidências de pesquisas em animais e em homens indicam que a maconha pode produzir um efeito analgésico importante. Porém, mais estudos devem ser feitos para estabelecer a magnitude e a duração deste efeito, nas diversas condições clínicas. Os pacientes que poderiam ser beneficiados com o uso dessa droga seriam aqueles em uso de quimioterapia, em pós-operatório, com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula), com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral, com AIDS, ou com qualquer outra condição clínica associada a um quadro importante de dor crônica.

Quimioterapia induzindo náuseas e vômitos

Muitos oncologistas e pacientes defendem o uso da maconha, ou do THC (seu principal componente já estudado) como agente antiemético. Mas quando comparada com outros agentes, a maconha tem um efeito menor do que as drogas já existentes. Contudo, seus efeitos podem ser aumentados quando associados com outros antieméticos. Dessa maneira, o uso da cannabis na quimioterapia pode ser eficiente em pacientes com náuseas e vômitos não controlados com outros medicamentos.

Desnutrição e estimulação do apetite

Os estudos sobre os efeitos da maconha sugerem que esta droga pode ser importante no tratamento dadesnutrição e da perda do apetite em pacientes com AIDS ou câncer. Mas outros medicamentos são mais efetivos do que a maconha, portanto, os autores recomendam pesquisas mais aprofundadas para avaliar a ação da maconha nesses pacientes.

Espasmo Muscular

Como já foi dito anteriormente, a maconha afeta o movimento, e estudos tem demonstrado que ela pode ajudar no controle do espasmo muscular (encontrado na esclerose múltipla ou no traumatismoraquimedular).

Mas as pesquisas que avaliaram essa capacidade da maconha devem ser analisadas com cuidado, uma vez que, outros sintomas associados a estas doenças, como a ansiedade, podem aumentar os espasmos, e nesse caso, a maconha poderia ter sua ação diminuindo a ansiedade e não controlando oespasmo propriamente dito. Por isso, os autores acreditam que mais estudos devem ser realizados para se confirmar esse efeito da maconha.

Movimentos desordenados

Estudos em animais demonstram que o uso da maconha pode estimular os movimentos em doses baixas e pode inibí-los em doses altas. Esta característica pode ser importante para o desenvolvimento de tratamentos para as desordens motoras na doença de Parkinson. Os autores acreditam que novos estudos devem ser feitos para avaliar a quantidade exata da droga que pode ser eficiente no tratamento dessa condição.

Epilepsia

O principal objetivo do tratamento da epilepsia é impedir completamente as crises. Os estudos a esse respeito ainda estão se iniciando, e muitas vezes as crises não foram inibidas com o uso da maconha, portanto, os autores acreditam que pesquisas com pessoas ainda não devem ser indicadas.

Glaucoma

Apesar do glaucoma ser uma das indicações mais citadas para o uso da maconha, os dados existentes não suportam esta indicação. A pressão alta intra-ocular é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma e a maconha poderia agir diminuindo esta pressão. Mas esse efeito é de curta duração e só é conseguido com altas doses da droga. Como as altas doses provocam muitos efeitos indesejáveis e as medicações já existentes são bastante efetivas e com efeitos colaterais mínimos, os autores acreditam que o uso da cannabis nessa condição ainda não está indicado.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos da cannabis podem ser divididos em duas categorias: os efeitos do hábito de fumar crônico e os efeitos do THC. O fumo crônico da maconha provoca alterações das células do trato respiratório, e aumentam a incidência de câncer de pulmão entre os usuários. Os efeitos associados ao longo tempo de exposição ao THC são a dependência dos efeitos psicoativos e a síndrome de abstinência com a cessação do uso. Os sintomas da síndrome de abstinência incluem agitação, insônia, irritabilidade, náusea e cãibras.

Alguns autores sugerem que a maconha é uma porta de entrada para outras drogas ilícitas. Mas ainda não existem estudos científicos que comprovem essa hipótese. E outras drogas como o tabaco e o álcool, na verdade, são as primeiras drogas a serem usadas antes da maconha.

Conclusão

Resumindo, os dados indicam um efeito terapêutico modesto, particularmente, no controle da dor, alívio denáuseas e vômitos, e estimulação do apetite. Seus efeitos foram melhores estabelecidos para o THC. Mas a maconha possui vários outros componentes que não tem seus efeitos estudados, e que podem trazer muitos riscos.

Os dados atuais não afastam e nem dão suporte para a hipótese de que o uso medicinal da maconha poderia aumentar o uso ilícito dessa droga. Ao final do estudo os autores concluíram que o futuro do uso terapêutico da maconha está associado com o desenvolvimento de substâncias puras, e não com o fumo da mesma.

Fonte: Arch Gen Psychiatry 2000;57:547-552 – Vol.57 No. 6, june 2000.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

PRECONCEITO CONTRA O NORDESTINO





Se o nordestino sai,
De sua terra natal,
Sai por necessidade
Pois não é seu ideal
Se não fosse a precisão
Não deixaria seu chão,
Seu berço, seu natural.
*
Segue pra cidade grande
Levando muita saudade.
E também deixa chorando
Quem lhe ama de verdade
Porém na terra estranha
Enfrenta a cruel sanha,
Chamada perversidade.
*
É o preconceito doente,
De uma gangue de racistas.
Uma turma de dementes,
Alienados paulistas.
Que pregam a violência
Não conhecem a decência
Não passam de anarquistas.
*
Ir contra o nordestino
É não ter discernimento.
Trabalhador de valor,
Que pôs a mão no cimento
E foi firme no embalo
Para construir São Paulo
Com coragem e talento.
*
Foi candango em Brasília,
Ajudou na construção.
E no Rio de Janeiro,
Teve a mesma ocupação.
Apenas não foi doutor
Mas cidadão construtor,
Que ergueu esta nação.
*
O homem nordestino
Na verdade é aguerrido
Reconstrói seu destino,
Se ele for destruído.
E nascer lá no Nordeste,
É ser forte, enfrentar peste
É ser cabra destemido!
*
Ao falar do Nordestino
Acho bom lavar a boca.
Quem só conversa asneira
Tem que ser conversa pouca.
E sendo um neonazista,
Ou tolo separatista,
Deixe de atitude tosca.
*
Texto e imagem deDalinha Catunda
Visite: http://www.cordeldesaia.blogspot.com/

O nordestino é como o mandacaru, encara os espinhos, traz no verde a esperança e no vermelho a paixão pela sua terra.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista: Erich von Däniken


Erich von Däniken: - "os Deuses prometeram retornar".
Erich von Däniken: - "os Deuses prometeram retornar". (swissinfo)

O garçom que se transforma em escritor de best-sellers e dedica sua vida à pesquisa de enigmas do planeta. Um caçador de extraterrestres que nunca viu um disco voador.

swissinfo bate um papo exclusivo com escritor suíço Erich von Däniken.


Erich von Däniken é um homem ocupado. A entrevista em Interlaken está marcada para durar uma hora e logo depois ele recebe a visita de outro jornalista. Seu calendário está completamente tomado nos próximos meses.

Centenas de exemplares do CD "Astropolis", sua última produção, estão espalhados numa grande mesa localizada no centro do seu escritório, assim como diversas anotações das palestras que ele fará em breve na Áustria. Ele chega bem-humorado e pergunta meu país de origem, se desculpando logo depois por não dominar muito bem o português.

Durante a conversa, o escritor mostra que é tão cheio de surpresas como os livros que escreveu.


Quando começou o seu interesse por enigmas e mistérios?

Como eu era uma criança impossível, meus pais acabaram me colocando num internato. Nesse estabelecimento jesuíta, onde era ensinado o grego e o latim, eu passei seis anos da minha vida.

Ao mesmo tempo eu era uma pessoa muito crente, como ainda sou hoje em dia. E na escola nós tínhamos que fazer traduções da bíblia em vários idiomas. Nesse momento eu comecei a questionar a minha própria fé, pois a dúvida era saber se outros povos do mundo também haviam vivido as mesmas histórias fantásticas e estranhas como as dos israelistas.


E essa curiosidade acabou levando-o para bem longe da Suíça, ao Egito, como está escrito na sua biografia?

Correto! Na escola eu tinha um amigo egípcio, cujos pais eram ricos. Um dia ele me convidou para conhecer seu país. Tinha dezoito anos e essa viagens ainda eram feitas à navio. Chegamos em Alexandria, conhecemos as pirâmides e fomos para Saccara, onde vi túneis subterrâneos que não eram acessíveis para turistas na época. Eu fiquei tão impressionado com essa construção, que nunca mais me esqueci desse dia. Assim começou meu fascínio pelo tema. As experiências que tive nesse país me marcaram profundamente.


Assim começa a carreira do escritor Erich von Däniken?

Quando era jovem, meu maior interesse era a origem das religiões. Porém, através da leitura de antigos textos indianos, percebi que muitas das histórias se repetiam. Elas falavam de alguém ou algo que veio do céu acompanhado por fumaça, fogo, terremotos ou ruídos impressionantes. Então surgiu minha questão: se esses povos não estão falando de Deus, de quem então? Eu não estava procurando extraterrestres. A pergunta veio por si só. Então comecei a pesquisar e nunca mais parei.


Você já exerceu uma outra profissão antes de ser escritor?

Na verdade minha família vinha do setor gastronômico. Depois de concluir a escola, eu fiz um curso de formação profissional como garçom. Quando escrevi meu primeiro livro, em 1966 ("Lembranças para o futuro"), eu era diretor de um hotel em Davos, nas montanhas suíças. Quando o livro se tornou um best-seller, abandonei então essa profissão.


E decidiu então estudar história ou outra ciência na universidade?

Não. Eu cheguei a pensar no assunto, porém na época isso nem passou pela minha cabeça. O que eu estava querendo fazer não era ensinado em nenhuma universidade. Naturalmente é possível estudar antropologia, porém existem diferenças: veja, egiptologia não é a mesma coisa que estudos americanos. Sendo assim, eu decidi ser autodidata e comecei a coletar meus conhecimentos nos livros. Eu li sem parar e falei com especialistas, professores e cientistas, sobretudo nos Estados Unidos. Um relacionamento me levou a outro. E assim montei uma rede de contatos no mundo inteiro.


Quando foram os países que você conheceu?

Eu já estive em todas as partes do mundo. Inicialmente meu interesse estava concentrado no Egito, Peru e Índia, porém depois que passei a ter uma maior abrangência. Só no Peru já estive mais de quarenta vezes. Em Nazca (nota da redação: local no Peru onde são encontradas as gigantescas figuras gravadas na terra), pelo menos vinte.


E como você organizava suas viagens?

Nunca viajei como turista. Antes de ir para um país, pesquisava nos livros tudo sobre sua história e os temas que eu pretendia pesquisar. Então embarcava, muitas vezes acompanhado por um auxiliar e quase sempre com um bom equipamento fotográfico. Ficávamos então semanas ou meses trabalhando. Em Cuzco, no Peru, não existem apenas ruínas: se você subir nas montanhas é sempre possível conhecer novas coisas. Assim que eu escrevi meus livros.


Você já viu um disco voador ou um extraterrestre?

Essa pergunta sempre me fazem. Pessoalmente eu nunca vi nenhum, mas costumo brincar dizendo que quando o Erich von Däniken aparece, os extraterrestres desaparecem.


E como você reagiria se visse um?

Eu iria lhe perguntar como o universo surgiu e se ele é finito ou infinito.


Por que seus livros nunca falam de enigmas em países como o Brasil ou a sua própria pátria, a Suíça?

Eu já estive algumas vezes no Brasil. Lá existem pinturas rupestres interessantes na região nordeste, porém o país nunca foi habitado pelas chamadas grandes culturas como os incas ou maias. Esse é o caso da Suíça também. Essas culturas só existiram ao sul do equador até 23o paralelo.


Você ficou surpreso com a recente descoberta de novas figuras gigantes em Palpa, no Peru?

Para mim isso não foi uma surpresa, pois eu sempre soube da existência delas. Essas figuras já existiam há uma eternidade, mas ninguém havia publicado nada sobre o assunto. Além disso, eu tenho certeza que outras ainda irão aparecer.


Por que a ciência tem tanta dificuldade para aceitar suas teses de contatos extraterrestres com essas culturas?

A arqueologia é o setor responsável por encontrar respostas aos enigmas que apresento. Ao mesmo tempo, ela é uma ciência conservadora e que não leva à sério muita das hipóteses que estão sendo levantadas. Isso é uma questão dos modelos que os cientistas têm na cabeça ou do tempo em que eles vivem. O que não é levado em consideração hoje em dia, pode ser tema de pesquisa no futuro. Afinal a ciência vai se desenvolvendo. O que os cientistas precisam fazer é ler os livros de Erich von Däniken (risos).


Recentemente um cientista, o diretor do Museu Romano de Lausanne o chamou de impostor arqueológico.

Eles não entendem nada da minha mensagem. Veja o Mystery Park: em nenhum dos pavilhões, shows ou exposições que apresentamos você encontra respostas. Tudo termina com uma pergunta. O problema é que esses cientistas não querem que algumas questões sejam levantadas, pois são pessoas antiquadas, avessas à modernidade. Eu só posso rir desse comportamento. Eles não lêem meus livros e tentam me ridicularizar.


Como você revida as acusações?

Na opinião desse diretor de museu, eu teria afirmado que os extraterrestres construíram as pirâmides ou as formações em Nazca para funcionar como aeroporto de disco voador. Isso é besteira, pois essas construções foram sempre obras de seres humanos! A pergunta que eu levanto é de outra natureza: eu gostaria de saber por que esses povos construíram templos gigantescos ou pirâmides. Se me respondem – foi por causa dos Deuses – eu quero saber: que tipo de deuses? Seria o deus da terra, do sol, o das estrelas, o dos terremotos ou o dos vulcões? Não há problema! Mas se os deuses falaram, passaram alguma informação, então já não é possível dar uma explicação natural para essas obras.


Então você considera que tudo o que Erich von Däniken escreveu é correto?

Eu não sou nenhum guru. Ninguém precisa acreditam em mim. Meu esforço pode ser um pouco messiânico, mas não quero ser o dono da verdade. Existem outras explicações para os mistérios do planeta, mas o importante é levantar questões. Meus críticos já tiveram muitas vezes razão, às vezes eu. Isso em si não é um problema, pois se eu pegar um livro científico de vinte e cinco anos atrás, nós também iremos encontrar muitos erros ou informações incorretas. A ciência deve ser viva e esse é o caso do meu trabalho.


Depois do Mystery Park, qual é o próximo projeto de Erich von Däniken?

Não tenho nenhum projeto próprio, mas nossa fundação está pagando para a realização de um pesquisa em Nazca, no Peru. Lá uma equipe científica não está realizando o trabalho de sempre como escavações, análises de fundamentos arqueológicos, etc. As perguntas que eu faço são as seguintes: houve mudanças do campo magnético em lugares específicos? As linhas finas sobre as chamadas "Las pistas" teriam sido feitas com o mesmo material? As respostas virão em um ano.

swissinfo, Alexander Thoele