" Ser governado é... Ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude (...). Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista: Erich von Däniken


Erich von Däniken: - "os Deuses prometeram retornar".
Erich von Däniken: - "os Deuses prometeram retornar". (swissinfo)

O garçom que se transforma em escritor de best-sellers e dedica sua vida à pesquisa de enigmas do planeta. Um caçador de extraterrestres que nunca viu um disco voador.

swissinfo bate um papo exclusivo com escritor suíço Erich von Däniken.


Erich von Däniken é um homem ocupado. A entrevista em Interlaken está marcada para durar uma hora e logo depois ele recebe a visita de outro jornalista. Seu calendário está completamente tomado nos próximos meses.

Centenas de exemplares do CD "Astropolis", sua última produção, estão espalhados numa grande mesa localizada no centro do seu escritório, assim como diversas anotações das palestras que ele fará em breve na Áustria. Ele chega bem-humorado e pergunta meu país de origem, se desculpando logo depois por não dominar muito bem o português.

Durante a conversa, o escritor mostra que é tão cheio de surpresas como os livros que escreveu.


Quando começou o seu interesse por enigmas e mistérios?

Como eu era uma criança impossível, meus pais acabaram me colocando num internato. Nesse estabelecimento jesuíta, onde era ensinado o grego e o latim, eu passei seis anos da minha vida.

Ao mesmo tempo eu era uma pessoa muito crente, como ainda sou hoje em dia. E na escola nós tínhamos que fazer traduções da bíblia em vários idiomas. Nesse momento eu comecei a questionar a minha própria fé, pois a dúvida era saber se outros povos do mundo também haviam vivido as mesmas histórias fantásticas e estranhas como as dos israelistas.


E essa curiosidade acabou levando-o para bem longe da Suíça, ao Egito, como está escrito na sua biografia?

Correto! Na escola eu tinha um amigo egípcio, cujos pais eram ricos. Um dia ele me convidou para conhecer seu país. Tinha dezoito anos e essa viagens ainda eram feitas à navio. Chegamos em Alexandria, conhecemos as pirâmides e fomos para Saccara, onde vi túneis subterrâneos que não eram acessíveis para turistas na época. Eu fiquei tão impressionado com essa construção, que nunca mais me esqueci desse dia. Assim começou meu fascínio pelo tema. As experiências que tive nesse país me marcaram profundamente.


Assim começa a carreira do escritor Erich von Däniken?

Quando era jovem, meu maior interesse era a origem das religiões. Porém, através da leitura de antigos textos indianos, percebi que muitas das histórias se repetiam. Elas falavam de alguém ou algo que veio do céu acompanhado por fumaça, fogo, terremotos ou ruídos impressionantes. Então surgiu minha questão: se esses povos não estão falando de Deus, de quem então? Eu não estava procurando extraterrestres. A pergunta veio por si só. Então comecei a pesquisar e nunca mais parei.


Você já exerceu uma outra profissão antes de ser escritor?

Na verdade minha família vinha do setor gastronômico. Depois de concluir a escola, eu fiz um curso de formação profissional como garçom. Quando escrevi meu primeiro livro, em 1966 ("Lembranças para o futuro"), eu era diretor de um hotel em Davos, nas montanhas suíças. Quando o livro se tornou um best-seller, abandonei então essa profissão.


E decidiu então estudar história ou outra ciência na universidade?

Não. Eu cheguei a pensar no assunto, porém na época isso nem passou pela minha cabeça. O que eu estava querendo fazer não era ensinado em nenhuma universidade. Naturalmente é possível estudar antropologia, porém existem diferenças: veja, egiptologia não é a mesma coisa que estudos americanos. Sendo assim, eu decidi ser autodidata e comecei a coletar meus conhecimentos nos livros. Eu li sem parar e falei com especialistas, professores e cientistas, sobretudo nos Estados Unidos. Um relacionamento me levou a outro. E assim montei uma rede de contatos no mundo inteiro.


Quando foram os países que você conheceu?

Eu já estive em todas as partes do mundo. Inicialmente meu interesse estava concentrado no Egito, Peru e Índia, porém depois que passei a ter uma maior abrangência. Só no Peru já estive mais de quarenta vezes. Em Nazca (nota da redação: local no Peru onde são encontradas as gigantescas figuras gravadas na terra), pelo menos vinte.


E como você organizava suas viagens?

Nunca viajei como turista. Antes de ir para um país, pesquisava nos livros tudo sobre sua história e os temas que eu pretendia pesquisar. Então embarcava, muitas vezes acompanhado por um auxiliar e quase sempre com um bom equipamento fotográfico. Ficávamos então semanas ou meses trabalhando. Em Cuzco, no Peru, não existem apenas ruínas: se você subir nas montanhas é sempre possível conhecer novas coisas. Assim que eu escrevi meus livros.


Você já viu um disco voador ou um extraterrestre?

Essa pergunta sempre me fazem. Pessoalmente eu nunca vi nenhum, mas costumo brincar dizendo que quando o Erich von Däniken aparece, os extraterrestres desaparecem.


E como você reagiria se visse um?

Eu iria lhe perguntar como o universo surgiu e se ele é finito ou infinito.


Por que seus livros nunca falam de enigmas em países como o Brasil ou a sua própria pátria, a Suíça?

Eu já estive algumas vezes no Brasil. Lá existem pinturas rupestres interessantes na região nordeste, porém o país nunca foi habitado pelas chamadas grandes culturas como os incas ou maias. Esse é o caso da Suíça também. Essas culturas só existiram ao sul do equador até 23o paralelo.


Você ficou surpreso com a recente descoberta de novas figuras gigantes em Palpa, no Peru?

Para mim isso não foi uma surpresa, pois eu sempre soube da existência delas. Essas figuras já existiam há uma eternidade, mas ninguém havia publicado nada sobre o assunto. Além disso, eu tenho certeza que outras ainda irão aparecer.


Por que a ciência tem tanta dificuldade para aceitar suas teses de contatos extraterrestres com essas culturas?

A arqueologia é o setor responsável por encontrar respostas aos enigmas que apresento. Ao mesmo tempo, ela é uma ciência conservadora e que não leva à sério muita das hipóteses que estão sendo levantadas. Isso é uma questão dos modelos que os cientistas têm na cabeça ou do tempo em que eles vivem. O que não é levado em consideração hoje em dia, pode ser tema de pesquisa no futuro. Afinal a ciência vai se desenvolvendo. O que os cientistas precisam fazer é ler os livros de Erich von Däniken (risos).


Recentemente um cientista, o diretor do Museu Romano de Lausanne o chamou de impostor arqueológico.

Eles não entendem nada da minha mensagem. Veja o Mystery Park: em nenhum dos pavilhões, shows ou exposições que apresentamos você encontra respostas. Tudo termina com uma pergunta. O problema é que esses cientistas não querem que algumas questões sejam levantadas, pois são pessoas antiquadas, avessas à modernidade. Eu só posso rir desse comportamento. Eles não lêem meus livros e tentam me ridicularizar.


Como você revida as acusações?

Na opinião desse diretor de museu, eu teria afirmado que os extraterrestres construíram as pirâmides ou as formações em Nazca para funcionar como aeroporto de disco voador. Isso é besteira, pois essas construções foram sempre obras de seres humanos! A pergunta que eu levanto é de outra natureza: eu gostaria de saber por que esses povos construíram templos gigantescos ou pirâmides. Se me respondem – foi por causa dos Deuses – eu quero saber: que tipo de deuses? Seria o deus da terra, do sol, o das estrelas, o dos terremotos ou o dos vulcões? Não há problema! Mas se os deuses falaram, passaram alguma informação, então já não é possível dar uma explicação natural para essas obras.


Então você considera que tudo o que Erich von Däniken escreveu é correto?

Eu não sou nenhum guru. Ninguém precisa acreditam em mim. Meu esforço pode ser um pouco messiânico, mas não quero ser o dono da verdade. Existem outras explicações para os mistérios do planeta, mas o importante é levantar questões. Meus críticos já tiveram muitas vezes razão, às vezes eu. Isso em si não é um problema, pois se eu pegar um livro científico de vinte e cinco anos atrás, nós também iremos encontrar muitos erros ou informações incorretas. A ciência deve ser viva e esse é o caso do meu trabalho.


Depois do Mystery Park, qual é o próximo projeto de Erich von Däniken?

Não tenho nenhum projeto próprio, mas nossa fundação está pagando para a realização de um pesquisa em Nazca, no Peru. Lá uma equipe científica não está realizando o trabalho de sempre como escavações, análises de fundamentos arqueológicos, etc. As perguntas que eu faço são as seguintes: houve mudanças do campo magnético em lugares específicos? As linhas finas sobre as chamadas "Las pistas" teriam sido feitas com o mesmo material? As respostas virão em um ano.

swissinfo, Alexander Thoele

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